10 de setembro de 2008

Apostila de economia( Nao tem como colocar graficos) sem os graficos!

Unidade II - Microeconomia
Capítulo 2 – Oferta e demanda


2.1. As forças de mercado da oferta e da demanda

Quando ocorre uma guerra no Oriente Médio, o preço da gasolina aumenta no Brasil e o preço de carros à gasolina tende a declinar. Quando ocorre uma seca em Minas Gerais o preço do leite e materiais derivados deste sobe no Brasil. A relação entre esses acontecimentos está na ação da oferta e demanda.
Boa parte da discussão em economia envolve os termos oferta e demanda. Se você quiser saber como uma política ou um acontecimento influencia a economia, provavelmente, você deverá pensar em termos de oferta e demanda. Estas são as forças que movem a economia de mercado e determinam a quantidade produzida de cada bem e o preço pelo qual será vendido.

2.2. Demanda

A demanda enfatiza somente as decisões dos compradores, e não dos vendedores, e tem como essência descrever como os primeiros reagem a mudanças nos preços, ou seja, como a quantidade que os consumidores compram no mercado de um determinado bem varia em função de mudanças nos preços.
A quantidade do bem que os consumidores desejam e podem comprar é chamada de quantidade demandada.
A demanda pode ser definida como as possíveis quantidades de um bem ou serviço que os consumidores estão dispostos a retirar do mercado, em um determinado período de tempo, aos vários preços alternativos, tudo o mais permanecendo constante (ceteris paribus).

2.2.1. Tabelas e curvas de demanda

A tabela de demanda é utilizada para descrever as diferentes quantidades de bens ou serviços que os consumidores compraram aos diversos preços possíveis. A Tabela 2.1 ilustra a demanda de um estudante por potes de sorvetes durante um mês. Quando o preço está mais baixo (R$ 1,00, por exemplo) o consumidor compra mais do bem (10 unidades), à mediada que o preço começa a subir (R$ 4,00) ele reduz sua quantidade demandada (4 unidades). Isso demonstra a presença de uma relação inversa entre preços e quantidades. A essa relação entre quantidade demandada e preços dá-se o nome de lei da demanda.
A lei da demanda diz que, tudo mais constante (ceteris paribus), a quantidade demandada de um bem ou serviço aumenta quando o seu preço diminui, e cai, se seu preço sobe.

Tabela 2.1 – Preços e quantidades demandadas mensais de potes de sorvete
por um estudante.

Preço de sanduíches (R$)
Quantidade demandada
de sorvete (Potes)
1
10
2
8
3
6
4
4
5
2
6
0

Fonte: Formulação própria

A Figura 2.1 representa graficamente os números contidos na Tabela 2.1. Considera-se a quantidade como função dos preços, mas apenas por convenção os preços, em praticamente todos os textos de economia, são representados no eixo vertical e a quantidade demandada, no eixo horizontal. A linha inclinada para baixo, relacionando preços e quantidades, é denominada curva de demanda. Essa curva descreve as quantidades máximas, por unidade de tempo, que o consumidor está disposto e pode adquirir aos vários preços.
Toda curva de demanda é traçada mantendo muitos fatores constantes. A curva da Figura 2.1, demonstra o que acontece com a quantidade demandada de sorvete quando apenas o preço do sorvete varia. Vários outros fatores, como renda, gostos, expectativas, preços dos bens relacionados, não mudam.

6

5

4

3

2

1
0 2 4 6 8 10 12
Preço do pote de sorvete
Quantidades de
sorvete
Curva de Demanda de Individual
Figura 2.1 – Curva de demanda de um estudante por sorvete.

Para lembrar que todas as outras coisas estão constantes, a não ser aquela(s) que se está(ão) estudando, os economistas usam a expressão latina ceteris paribus que é traduzida como “outras coisas sendo iguais”.


2.2.2. Demanda de mercado versus demanda individual

No item anterior foram apresentados a tabela e o gráfico da demanda individual por um produto. Porém, para analisar o funcionamento do mercado é preciso determinar a demanda de mercado, que é o somatório de todas as demandas individuais por um bem ou serviço.
A Figura 2.2 mostra as curvas de demanda do Pedro, Ana e de mercado. Suponha que só essas duas pessoas consomem sorvete em um país. A curva de demanda de Pedro mostra as quantidades que ele compra do bem a cada preço e a curva de demanda da Ana diz o que ela compra aos vários preços. Quando se soma horizontalmente as curvas de demanda individuais se obtém a curva de demanda de mercado. Ou seja, para obter a quantidade total demandada a cada preço, somam-se as quantidades demandadas descritas no eixo horizontal das curvas de demanda individuais. Como na maior parte das vezes o maior interesse está na análise do mercado trabalha-se com a curva de demanda de mercado, que mostra o quanto varia a quantidade total demandada de um bem quando o seu preço muda, ceteris paribus.

Quantidades
de potes
de sorvete
0 1 2 3 4 5 6
0 1 2 3 4 5 6
6

5

4

3

2

1
6

5

4

3

2

1
6

5

4

3

2

1
Preço do pote
de sorvete
Preço do pote
de sorvete
Preço do pote
de sorvete
0 1 2 3 4 5 6
Quantidades
de potes
de sorvete
Demanda do Pedro +
Demanda da Ana =
Demanda de Mercado
Quantidades
de potes
de sorvete
Figura 2.2 – Demanda de mercado como somatório das demandas individuais.

2.2.3. Mudanças na quantidade demandada versus mudança na curva de demanda

A) Mudanças na quantidade demandada

O efeito de uma mudança no preço de um bem ou serviço, por exemplo, pote de sorvete, pode ser mostrado como um movimento ao longo da curva de demanda, ceteris paribus.
Como exemplo, suponha que o preço do pote de sorvete aumente de R$ 2,00 para R$ 5,00. Com o aumento do preço, a quantidade que os consumidores desejam demandar cai de 4 unidades para 2. Esse fato é demonstrado na Figura 2.3 com o deslocamento do ponto A para o B na curva de demanda de mercado.





B) Mudança na curva de demanda

Em todas as representações de curvas de demanda, por pressuposição, existem fatores que são mantidos constantes. Quando alguns desses fatores sofrem alterações, ocorrem mudanças na própria curva, ou seja, há um deslocamento da curva de demanda.

0 2 3 4 5 6
6

5

4

3

2

1
Quantidades de potes
de sorvete
Curva de Demanda de Sorvete
Preço do pote
de sorvete
A
B
Figura 2.3 – Deslocamento ao longo da curva de demanda.


Os principais fatores que influenciam, ou deslocam, a curva de demanda são:
1) Renda do consumidor – Um dos mais importantes fatores que influencia a demanda por um produto é a renda do consumidor. Suponha, por exemplo, que você perdeu o seu emprego no verão, o que aconteceria com a sua demanda por sorvete? A perda do emprego significa uma redução de renda, ou seja, menos dinheiro para gastar, de modo que você tenderia a gastar menos com alguns bens – e provavelmente com todos. Assim, espera-se que sua demanda por sorvete caia.
Uma redução de renda fará com que, provavelmente, você venha a consumir menos sorvete, deslocando a curva de demanda para a esquerda (Figura 2.4 a). Seja D0 a demanda inicial de sorvetes em potes. A redução da renda provocará um deslocamento da curva de demanda para esquerda, de D0 para D1. Ao mesmo nível de preços (R$ 5,00, por exemplo) o consumidor irá comprar menos quantidade de sorvete (passará a consumir 2 unidades no lugar de 5).
0 1 2 3 4 5 6
6

5

4

3

2

1
Quantidades
a) Redução de renda
Preço do bem
D0
D1
b) Aumento de renda
0 1 2 3 4 5 6 7 8
6

5

4

3

2

1
D0
D1
Preço do bem
Quantidades
Figura 2.4 – Deslocamento da curva de demanda em função de variações na renda.

Um aumento na renda do consumidor desloca a curva de demanda para a direita, ou seja, de D0 para D1, como demonstrado no painel b da Figura 2.4. Os bens podem ser classificados em normal, inferior ou superior em função de variações na renda.
Um bem normal é aquele em que um aumento na renda do consumidor provoca um acréscimo na quantidade demandada, porém em menor ou igual proporção, tudo o mais permanecendo constate, isto é, o aumento na renda desloca a curva de demanda para a direita (como na Figura 2.4 b). A maior parte dos bens são normais.
Um bem superior é aquele em que um aumento na renda do consumidor provoca um acréscimo na quantidade demanda, porém em uma proporção maior que a do aumento da renda, tudo o mais constate.
Já um bem inferior é aquele em que um acréscimo na renda do consumidor resulta em uma redução na demanda, ceteris paribus. Ou seja, o aumento da renda desloca a curva de demanda para a esquerda (como pode ser visto na Figura 2.4 a).
Um bom exemplo de bem inferior são as viagens de ônibus. Se você perder o emprego, tendo uma redução significativa de renda, é provável que passe a andar mais de ônibus do que compre um carro ou ande de táxi. Assim, uma redução de renda aumentou o seu consumo de passagens de ônibus.
Um outro exemplo é o consumo de carne de segunda. Se a renda dos consumidores triplicar, é provável que eles deixem de consumir um pouco de carne de segunda e consumam carne de primeira. Portanto, um aumento de renda tende a reduzir o consumo de carnes de segunda.

2) Gostos ou preferências - O gosto é o mais óbvio determinante para a demanda de um bem. O que o(a) leva a consumir sorvete ou outro produto é a sua preferência ou gosto por ele. Em economia não se tenta explicar os gostos, mas examina-se o que acontece quando eles mudam. Um aumento na preferência por um produto tende a deslocar a curva de demanda para a direita, e uma redução provoca um deslocamento para a esquerda.
Um exemplo de mudança nos gostos é a substituição de açúcar por produtos dietéticos. No passado se utilizava açúcar em, praticamente, todos os alimentos para acrescentar sabor. Com a descoberta de produtos dietéticos muitas pessoas passaram a preferir esses produtos. Dessa forma, mudanças nas preferências tendem a deslocar a curva de demanda de produtos dietéticos para a direita e de produtos à base de açúcar para a esquerda.

3) Preços dos bens relacionados - As mudanças nos preços de bens relacionados deslocam a curva de demanda para direita ou esquerda, dependendo do tipo de relação estabelecida entre os bens. Esta relação pode ser de substituibilidade ou complementariedade. Dessa forma, os bens podem ser classificados como complementares ou substitutos.
Bens substitutos: dois bens são considerados substitutos se desempenham funções semelhantes para o consumidor. Um aumento no preço de um deles aumenta a demanda pelo outro. São exemplos de pares de bens substitutos: cachorro-quente e hambúrgueres, ingressos para cinema e locação de fitas de vídeo, manteiga e margarina, café e chá, carne de boi e de frango, etc.
A Figura 2.5 exemplifica o efeito de um aumento do preço do iogurte sobre a demanda de sorvete. Ambos os bens são sobremesas frias, portanto desempenhando funções semelhantes. Como pode ser visto na Figura 2.5, um aumento do preço do iogurte, representado pelo deslocamento ao longo da curva de demanda por iogurte, provoca um deslocamento da curva de demanda de sorvete de D1 para D2.
Bens complementares: Dois bens são complementares se eles são utilizados em conjunto. Um aumento no preço de um dos bens provoca uma redução na demanda pelo outro bem. São exemplos de bens complementares: gasolina e automóveis, computadores e softwares, caderno e caneta, pão e manteiga.

Q1 Q2


P1



P0


Quantidades
a) Curva de demanda por iogurte
Preço do bem
D
b) Curva de demanda por sorvete
D0
D1
Preço do bem
Q1 Q2
Quantidades

Figura 2.5 – Exemplo de bens substitutos (iogurte e sorvete).

Na Figura 2.6 é demonstrada a relação entre dois bens complementares: sorvete e cobertura. Um aumento no preço do sorvete reduz a quantidade demandada do mesmo e, conseqüentemente, a quantidade demandada de cobertura, deslocando a curva de demanda por cobertura para esquerda, de D0 para D1.
Q1 Q0


P1



P0


Quantidades
a) Curva de demanda sorvete
Preço do bem
D
b) Curva de demanda por cobertura
D0
Preço do bem
Q1 Q0
Quantidades
D1
Figura 2.6 – Exemplo de bens complementares (sorvete e cobertura).
4) Expectativas - As expectativas em relação ao futuro podem afetar a sua demanda atual de um bem ou serviço. Se, por exemplo, você tiver a expectativa de que sua renda irá aumentar no mês que vem, talvez você esteja disposto a gastar parte de uma eventual poupança para comprar sorvete, o que desloca a curva de demanda hoje para a direita. Também a expectativa de aumento de preço futuro de um bem, poderá provocar um deslocamento da curva de demanda atual para a direita, pois os consumidores podem querer comprar hoje maior quantidade aos preços dados e estocar tal bem, para não ter que pagar mais caro no futuro.
A Tabela 2.2 resume os efeitos de variações nos determinantes da demanda. Todos os fatores determinantes da quantidade demandada, exceto preço, deslocam a curva de demanda. Qualquer alteração que aumente a quantidade demandada a cada preço desloca a curva de demanda para a direita. As alterações que diminuem a quantidade demandada a cada preço deslocam a curva de demanda para a esquerda.

Tabela 2.2 – Determinantes da quantidade demandada.

Variáveis que afetam a quantidade demandada
Um acréscimo nessa variável...
Um decréscimo nessa variável...
Preço
Representa um movimento para esquerda ao longo da curva de demanda[1]
Representa um movimento para direita ao longo da curva de direita
Renda
Desloca a curva de demanda para a direita
Desloca a curva de demanda para a esquerda
Preço de bens complementares
Desloca a curva de demanda para a esquerda
Desloca a curva de demanda para a direita
Preço de bens substitutos
Desloca a curva de demanda para a direita
Desloca a curva de demanda para a esquerda
Gostos
Desloca a curva de demanda para a direita
Desloca a curva de demanda para a esquerda
Expectativas
Expectativa de aumento de preço do bem analisado no futuro desloca a curva de demanda desse bem para direita
Expectativa de redução de preço do bem analisado no futuro desloca a curva de demanda desse bem para esquerda
Número de Compradores
Desloca a curva de demanda para a direita
Desloca a curva de demanda para a esquerda


2.3. Oferta

A oferta enfatiza somente as decisões dos vendedores ou produtores de um determinado bem, e não dos compradores, e tem como essência descrever como os primeiros reagem a mudanças nos preços, ou seja, como a quantidade que os vendedores oferecem no mercado de um determinado bem varia em função de mudanças nos preços. A quantidade do bem que os vendedores desejam e podem oferecer é chamada de quantidade ofertada.
A oferta pode ser definida como as possíveis quantidades de um bem ou serviço que os vendedores estão dispostos e são capazes de vender no mercado, em um determinado período de tempo, aos vários preços alternativos, ceteris paribus.


2.3.1. Tabelas e curvas de oferta

A tabela de oferta é utilizada para descrever as diferentes quantidades de bens ou serviços que os vendedores vendem aos diversos preços possíveis. A Tabela 2.3 ilustra a oferta de um vendedor de potes de sorvete. Quando o preço está mais baixo (R$ 1,00, por exemplo) o vendedor não oferece unidades do bem (0 unidades), à mediada que o preço começa a subir (R$ 2,00) ele começa a aumentar sua quantidade ofertada (2 unidades). Isso demonstra a presença de uma relação direta entre preços e quantidades. A essa relação entre quantidade oferecida e preços dá-se o nome de lei da oferta.
A lei da oferta diz que, tudo mais constante (ceteris paribus), a quantidade ofertada de um bem ou serviço aumenta quando o seu preço aumenta, e cai, se o preço cai.
A Figura 2.7 representa graficamente os números contidos na Tabela 2.3. Relembrando que se considera a quantidade como função dos preços, mas apenas por convenção, os preços, em praticamente todos os textos de economia, são representados no eixo vertical e a quantidade ofertada, no eixo horizontal. A linha inclinada para cima, relacionando preços e quantidades, é denominada curva de oferta. Essa curva descreve as quantidades máximas, por unidade de tempo, que o vendedor está disposto e pode adquirir aos vários preços.


Tabela 2.3 – Preços e quantidades ofertadas mensais de sorvete
por um empresário.

Preço do pote de sorvete (R$)
Quantidade ofertada
de sorvete (potes)
1
0
2
2
3
4
4
6
5
8
6
10

Fonte: Formulação própria

Toda curva de oferta é traçada mantendo muitos fatores constantes. A curva da Figura 2.7, demonstra o que acontece com a quantidade ofertada de sorvete quando apenas o preço do mesmo varia. Vários outros fatores, como preços dos insumos, tecnologia, expectativas não mudam.

6

5

4

3

2

1
0 2 4 6 8 10 12
Preço do sorvete
Quantidades
de potes de sorvete
Curva de Oferta Individual
Figura 2.7 – Curva de oferta de um vendedor de sorvete.



2.3.2. Oferta de mercado versus oferta individual

No item anterior foram apresentados a tabela e o gráfico da oferta individual por um produto. Porém, para analisar o funcionamento do mercado é preciso determinar a oferta de mercado, que é o somatório de todas as ofertas individuais por um bem ou serviço.
A Figura 2.8 mostra as curvas de oferta do João, Paula e de mercado. Suponha que só essas duas pessoas ofertam sorvete em um país. A curva de oferta de João mostra as quantidades que ele oferece do bem a cada preço e a curva de oferta da Paula diz o que ela oferta aos vários preços. Quando se soma horizontalmente as curvas de oferta individuais se obtém a curva de oferta de mercado. Ou seja, para obter a quantidade total ofertada a cada preço, somam-se as quantidades ofertadas descritas no eixo horizontal das curvas de oferta individuais. Como na maior parte das vezes o maior interesse está na análise do mercado trabalha-se com a curva de oferta de mercado, que mostra o quanto varia a quantidade total ofertada de um bem, quando o seu preço varia, ceteris paribus.

0 1 2 3 4 5 6
0 1 2 3 4 5 6
6

5

4

3

2

1
6

5

4

3

2

1
6

5

4

3

2

1
Preço do pote
de sorvete
Preço do pote
de sorvete
Preço do pote
de sorvete
0 1 2 3 4 5 6
Quantidades
de potes
de sorvete
Quantidades
de potes
de sorvete
Oferta do João +
Oferta da Paula =
Oferta de Mercado
Quantidades
de potes
de sorvete
Figura 2.8 – Oferta de mercado como somatório das ofertas individuais.





2.3.3. Mudanças na quantidade ofertada versus mudança na curva de oferta

A) Mudança na quantidade ofertada

A curva de oferta relaciona os diversos preços de determinado bem com as quantidades oferecidas pelos vendedores. Assim, a única maneira de mover-se sobre a curva de oferta é pela mudança de preço.
O efeito de uma mudança no preço de um bem ou serviço, por exemplo, pote de sorvete, pode ser mostrado como um movimento ao longo da oferta, ceteris paribus. Suponha que o preço do pote de sorvete aumente de R$ 2,00 para R$ 5,00. Com o aumento do preço, a quantidade que os vendedores desejam ofertar aumenta de 1 unidade para 4. Esse fato é demonstrado na Figura 2.9 com o deslocamento do ponto A para o B na curva de oferta de mercado.

B
A
0 1 2 3 4 5 6
6

5

4

3

2

1
Preço do pote
de sorvete
Quantidades
de potes
de sorvete
Oferta de Mercado
Figura 2.9 – Deslocamento ao longo da curva de oferta.

B) Mudança na curva de oferta

Em todas as representações de curvas de oferta, por pressuposição, existem fatores que são mantidos constantes. Quando alguns desses fatores sofrem alterações, ocorrem mudanças na própria curva, ou seja, há um deslocamento da curva de oferta.
Os principais fatores que causam o deslocamento da curva de oferta são:
1) Preços dos insumos - Quando o preço de um ou mais insumos aumenta, a produção se torna menos lucrativa a um dado preço do produto e a empresa oferecerá menos deste. Se o preço do insumo subir demais pode ser preferível fechar a fábrica e não oferecer o bem ou serviço, considerando que não houve mudança no preço do bem. Dessa forma, a quantidade oferecida se relaciona negativamente com o preço dos insumos usados na sua fabricação. Para se produzir sorvete, por exemplo, são utilizados vários insumos: creme de leite, açúcar, máquinas, funcionários, edifício etc. Se o preço do creme de leite subir muito, a produção de sorvete tende a diminuir. Se estiver extremamente alto, talvez o produtor de sorvete ache inviável a produção e feche fábrica ou passe a produzir outro bem (pão de queijo, por exemplo).

2) Tecnologia - Avanços tecnológicos reduzem os custos das empresas, o que provoca aumento da quantidade oferecida de um determinado produto. Suponha a invenção de uma máquina automatizada pra produzir sorvete, por exemplo, reduz o número de funcionários, utensílios etc. Agora, aos mesmos custos de antes, é possível fabricar mais sorvete. Assim, avanços tecnológicos deslocam a curva de oferta de sorvetes para a direita.

3) Expectativas - A quantidade oferecida de um bem pode depender de suas expectativas quanto ao futuro. Se, por exemplo, você espera que o preço do sorvete vá subir no futuro, você estoca parte da produção para ser oferecida quando o preço subir, conseqüentemente, oferecendo menos sorvete hoje.

A Tabela 2.4 resume os efeitos de variações nos determinantes da oferta. Todos os fatores determinantes da quantidade ofertada, exceto preço, deslocam a curva de oferta. Qualquer alteração que aumente a quantidade ofertada a cada preço, desloca a curva de oferta para a direita. As alterações que diminuem a quantidade ofertada a cada preço deslocam a curva de oferta para a esquerda.




Tabela 2.4 – Determinantes da quantidade ofertada.

Variáveis que afetam a quantidade oferecida
Um acréscimo nessa variável...
Um decréscimo nessa variável...
Preço
Representa um movimento para direita ao longo da curva de oferta
Representa um movimento para esquerda ao longo da curva de oferta
Preços dos insumos
Desloca a curva de oferta para a esquerda
Desloca a curva de oferta para a direita
Tecnologia
Desloca a curva de oferta para a direita
Desloca a curva de oferta para a esquerda
Expectativas
Expectativas de que o preço do produto vá aumentar no futuro levam a redução da oferta hoje, pois o vendedor pode achar vantajoso estocar hoje para vender no futuro quando o preço subir.
Expectativas de que o preço do produto vá diminuir no futuro levam a aumento da oferta hoje, pois o vendedor pode achar vantajoso vender mais hoje no lugar de vender no futuro quando o preço cair.
Número de vendedores
Desloca a curva de oferta para a direita
Desloca a curva de oferta para a esquerda


[1] Como a grande maioria dos bens são comuns, e não de Giffen, um aumento de preços reduz a quantidade demandada e uma redução tende a aumentá-la.