18 de setembro de 2008

Resenha do livro "O que é leitura" Obrigada colega joyce!

Resenha do livro "O que é leitura"
Martins, Maria Helena. O que é leitura. In: Coleção Primeiros Passos. São Paulo: Brasiliense, 1994, pág. 7 a 93.
A leitura se faz de várias maneiras. A primeira leitura que executamos é a da primeira infância, que está representada pelo tato, olfato, audição e visão. Esta leitura é natural, mas não deixa de ser exigente e complexa, pois exige interpretação.
Para ler bem é necessário o ato de ler sozinho associado à leitura através dos olhos de outros, é necessário também viver, sofrer, enfim, experimentar. A leitura é prejudicada pela carência de convívio humano e pela pobreza material e cultural. Estas são as principais causas de uma pessoa desfavorecida não fixar um conteúdo de uma leitura. A pessoa carente não possui um leque de interesses amplo. A memória exige interesse para fixar-se e pode ser prejudicada também por um mecanismo de defesa da pessoa, pois ler significa transformar, enfrentar, e estas ações podem causar frustrações maiores que a de não poder ler através dos signos lingüísticos.
Ler não é somente um ato mecânico de passar os olhos sobre as letras. Ler exige uma leitura anterior, que é a leitura de mundo (experiências vividas ou vistas), ou seja, bagagem. A boa leitura é aquela que decodificando um texto associa-o às experiências de vida, que produzem intertextualidade, ligações entre mundos, obtendo-se ferramentas para modificar a realidade. A boa leitura causa prazer e otimismo, pois gera poder de ruptura. A leitura está intimamente ligada à decodificação da escrita, embora não seja apenas isso.
Antigamente, saber ler escrever, entre os romanos, significava inserir-se na sociedade. Saber ler era privilégio da minoria. O método utilizado para aprender a ler e escrever era bastante rígido. Apelava-se para o “decoreba” do alfabeto, depois a pessoa o soletrava, e logo em seguida decodificava palavras isoladas até fazer isso com textos maiores. Mesmo depois de tantos anos, as coisas atualmente não estão muito diferentes.
As práticas de decorebas e métodos ultrapassados continuam sendo usados por muitos educadores. A prática mecânica continua bastante vigente. Muitas pessoas se contentam em apenas saber decodificar as palavras, não se importando em interpretar também o mundo. Talvez, seja daí que tenha surgido a mistificação do hábito de ler. Somente a minoria que é eficientemente letrada cabe o direito de dar sentido ao mundo, enquanto que ao restante resta a submissão aos que “sabem de todas as coisas”. Sendo assim, a “cultura do silêncio” tende a permanecer. Se for o educador aquele que sabe, e os educandos aqueles que nada sabem, cabe ao educador transmitir o seu saber aos segundos. Em busca de prováveis soluções para esses problemas, muitos educadores passaram a proclamar a necessidade da constituição do hábito de ler.
A leitura, já que é mais do que apenas decodificar palavras, passa a ser uma ponta para um eficiente processo educacional. Mas existe uma “crise da leitura”, que é um grande entrave. Essa crise é proveniente da não leitura de livros, já que a maioria das crianças não tem o hábito de ler livros freqüentemente. O Brasil deixa muito a desejar quanto à publicação de material impresso. Quanto às bibliotecas, o mesmo. Mas esse cenário tem mudado ultimamente, a oferta vem aumentando, e o volume de exemplares cresce a cada dia, embora a crise seja um pouco mais complexa. O ato de ler também envolve os sentidos, as emoções e a razão. Existem três níveis de leitura, que são a sensorial, a racional e a emocional. Cada uma corresponde a um modo de aproximação ao objeto lido. A leitura racional alimenta o caráter reflexivo e dialético e complementa a leitura sensorial e emocional fazendo com que haja uma ponte entre o leitor e o conhecimento. Na leitura emocional, o leitor é envolvido pelos sentimentos despertados pelo texto, sua atitude tende ao irracional. A leitura sensorial é a primeira etapa da leitura, é o contato visual, tátil com o texto. Não se deve supor a existência isolada de cada um desses níveis. É muito difícil realizar uma leitura apenas sensorial, emocional ou racional, pelo fato de ser próprio da condição humana relacionar sensação, emoção e razão, tanto na tentativa de se expressar como na busca de sentido, compreender a si próprio e o mundo. Tão importante quanto à leitura é a releitura que traz muitos benefícios e oferece subsídios consideráveis, principalmente a nível racional. Ela nos encaminha para uma outra percepção de detalhes para uma melhor compreensão.
http://tuxdaengenharia.blogspot.com/2006/04/resenha-do-livro-o-que-leitura.html


O que é leitura - aula 01
O que é leitura???
O ato de ler geralmente é relacionado com a escrita, e o leitor visto como decodificador da letra.
Mas é só isso? Basta decifrar palavras para acontecer a leitura?
Como explicar expressões de uso corrente como, por exemplo, “fazer a leitura” de um gesto? Ler a mão?
Se alguém na rua me dá um encontrão… minha reação é uma leitura ou não?
Mais uma pergunta: a leitura é única? Sempre será igual? Toda vez que ler alguma coisa vou interpretar sempre do mesmo jeito?
* Todo ato será lido sempre da mesma forma?
Com o tempo as coisas não fazem sentido diferente para nós? Passamos a enxergar sob um novo ângulo…
Com o tempo se descobre o sentido, um novo modo de ver a mesma coisa… É quase como se fosse uma revelação.
Com freqüência nos contentamos, por economia ou preguiça, em ler superficialmente, “passar os olhos”, como se diz.
Não acrescentamos ao ato de ler algo mais de nós além do gesto mecânico de decifrar os sinais.
Interessante é que geralmente reagimos assim ao que não nos interessa no momento – um discurso político, uma conversa, uma aula expositiva, um quadro, um livro uma música…
A tendência natural é ignorar, rejeitar como nada tendo a ver com a gente.
O problema é que quando não lemos, não o compreendemos, torna-se impossível dar um sentido aquilo… porque diz muito pouco – ou nada – para nós.

COMO E QUANDO COMEÇAMOS A LER
Desde os nossos primeiros contatos com o mundo – tão logo nascemos – começamos a ler. Como isso acontece?
É neste contato com o mundo externo que começamos a compreender, a dar sentido ao que e a quem nos cerca. Esses são também os primeiros passamos para aprender a ler.
Para entender melhor essa idéia, Paulo Freire diz o seguinte: “ninguém educa ninguém, como tampouco ninguém se de educa a si mesmo: os homens se educam em comunhão, mediatizados pelo mundo”.
Na prática, ninguém ensina ninguém a ler; o aprendizado é solitário – embora se desencadeie e se desenvolva na convivência com o mundo.
Isso quer dizer que, mesmo precisando dos professores, temos condições de fazer uma série de coisas sozinhos.
Na prática, aprendemos a ler lendo. Maria Helena Martins diz que “vivendo” – ou seja, depende do quê lê – do que experimenta na relação com o mundo.
Aprendizado do Tarzan…
Aprendizado de Jean Paul Sarte…
Embora o aprendizado, o desenvolvimento da capacidade de leitura possa ser algo mais complexo, ambas experiências evidenciam a curiosidade se transformando em necessidade e esforço para alimentar o imaginário. Ou seja, a necessidade de desvendar os segredos do mundo e dar a conhecer o leitor a si mesmo através do que lê e como lê.
Muito da nossa capacidade de leitura se dá pela motivação em ler. O que quero dizer com isso?
* Algo muito simples: quando começamos a organizar os conhecimentos adquiridos, a partir das situações reais, coisas que a realidade nos impõe, procuramos estabelecer conexão com as experiências e a tentar resolver os problemas apresentados.
O ato de ler e escrever têm sido valorizados. Entretanto, muitas vezes têm se transformado num instrumento de poder pelos dominadores – mas também pode vir a ser a liberação dos dominados.
Muitos não querem desenvolver a capacidade de uma leitura crítica, racional. Preferem o comodismo. Acham melhor não entender, por isso significa uma ruptura com a passividade – talvez por lhe causar maiores frustrações em face da realidade.
O problema é que o não querer ler vem ao encontro dos interesses das minorias dominantes.
Ampliando a noção de leitura - 02
Como vimos, o conceito de leitura está geralmente ligado à decifração da escrita – ler e escrever.
Mas é muito mais que isso… está ligado ao processo de formação do indivíduo, à sua capacidade para o convívio e atuações social, política, econômica e cultural.
Já, no passado, entre os gregos e romanos era assim.
Ler e escrever, ligado a idéia de homens livres… estar integrado efetivamente à sociedade – à classe dos homens efetivamente livres.
O problema é que, semelhante ao passado, ainda hoje ler e escrever não é privilégio de todos.
Porém, capacidade de leitura vai muito além da decifração dos signos… fato nem sempre compreendido por muitos educadores.
Tem-se a pedagogia do sacrifício, já que não se sabe colocar o porquê, como, para quê… As pessoas não sabem a verdadeira função da leitura.
Também é sabido que uma vez alfabetizada, a maioria das pessoas, limita-se à leitura com fins específicos (profissionais, etc.).
Ignora-se que ler significa inteirar-se do mundo – uma forma de conquistar autonomia, de deixar de “ler pelos olhos dos outros”.
Sem investir na leitura, permite-se assim que o mundo seja visto pelos olhos dos outros (dominação).
Cabe a minoria dar sentido ao mundo.
A libertação do ser humano passa pela sua capacidade de leitura (e não apenas da leitura de textos).
Nosso tempo é o da cultura de massa – isso implica em manipulação e consumo.
Fala-se muito hoje em crise da leitura. Mas que crise?
Essa idéia nasce nos bancos escolares… contato com livros, geralmente, dados nos manuais escolares…
Textos condensados da escola… nem sempre cultivam o hábito de ler… geralmente alimentam mais a ignorância, inibem mais do que incentivam o gosto de ler.
Há um receio do diálogo franco e crítico entre o professor e aluno… bloqueando oportunidades raras de leituras efetivas.
É verdade que falta acesso a livros… (bibliotecas, livros caros, salários baixos, qualidade questionável).
Hoje, isso não é uma verdade… Há livros.
Por isso, a questão é mais ampla. Volta-se à instituição escolar. E vem ainda dos jesuítas… formação livresca, defasada em relação à realidade…
Temos uma elitização da cultura… Um interesse vivo de manter o conhecimento restrito a apenas alguns…
Por isso, cabe ao indivíduo romper com essa prática.
Do contrário, crianças e jovens vão envelhecer sem a chance de crescer.
Observação: Contra-senso insistir na leitura, restringindo-a aos livros.
A verdadeira leitura deve propiciar descobertas… formação da consciência. Ampliar a noção da leitura é ampliar a visão de mundo e da cultura (as noções que se têm geralmente ligadas às noções impostas pelas instituições).
Precisamos compreender e valorizar melhor cada passo do aprendizado das coisas…
A verdadeira leitura só tem sentido quando as relações humanas são compreendidas e pode-se transferir o que está sendo lido a essas relações.
Portanto, leitura não é mera decodificação (embora seja necessário decodificar o código-signo).
Leitura é um processo dinâmico de compreensão, e passa por componentes sensoriais, emocionais, intelectuais, fisiológicos… culturais, econômicos.
Leitura é decodificação e compreensão. O que seria decodificar? O que seria compreender?
Não é só a capacidade de decifrar sinais, mas principalmente dar sentido a eles.
Decodificar sem compreender é inútil – e o inverso também é verdadeiro.
A leitura começa antes do texto e vai além dele… leitor tem um papel atuante.
Leitura se dá a partir do diálogo do leitor com o objeto lido… mas considerar a leitura apenas como resultado dessa interação seria reduzi-la consideravelmente.
Por isso, aprender a ler significa também ler o mundo… é dar sentido ao mundo e também a nós.
Os sentidos, as emoções e a razão - 03
O propósito é compreender a leitura… não é dar uma receita ou chegar a conceituações.
O leitor pouco se detém no funcionamento do ato de ler, na intricada trama de inter-relações que se estabelecem.
Há três níveis de leitura… sensorial, emocional e racional.
Esses três níveis são inter-relacionados – mesmo um nível ou outro sendo privilegiado.
Como dissemos, cada pessoa reage a um estímulo de seu próprio modo; irá ler a seu modo.
(Exemplo: você vai ao shopping. Como você age? Há produtos que encantam… ignoram…)
Com a leitura acontece a mesma coisa. Por isso, a leitura tem mais sutilezas e mistérios do que a simples decodificação das palavras escritas. Tem também um lado de simplicidade que os letrados não se preocupam em revelar.
SENSORIAL – relaciona-se diretamente com os nossos sentidos (a visão, o tato, a audição, o olfato e o gosto/paladar).
Representa as nossas respostas imediatas às exigências e ofertas que esse mundo apresenta.
Relaciona-se com as nossas primeiras escolhas e motiva as primeiras revelações. Por isso mesmo, marcantes.
É através dessa leitura que vamos nos revelando para nós mesmos. (Descoberta das coisas agradáveis; rejeição das desagradáveis).
Ela vai dando a conhecer o leitor do que ele gosta e do que não gosta… mesmo inconscientemente e sem a necessidade de racionalizações.
Leitura sensorial começa muito cedo e nos acompanha por toda a vida.
Na criança, essa leitura, através dos sentidos, apresenta/revela um prazer singular (maior que a do adulto) e curiosidade (mais espontânea).
Vejamos, por exemplo, a relação de uma criança com um livro. Como se dá a leitura sensorial?
Antes de ser um texto escrito, um livro é um objeto. Tem forma, cor, textura…
Esse jogo com o universo escondido do livro vai estimular na criança o aprimoramento e o desenvolvimento da linguagem, desenvolvendo sua capacidade de comunicação e reação ao mundo.
Já os adultos tendem a uma postura mais inibida – em relação ao livro e também outros objetos passíveis de leitura.
Isto acontece até em função do culto ao livro… status adquirido.
Interessante é que, mesmo com o advento de outras formas de comunicação (rádio, tevê, Internet, etc.), o culto ao livro foi acentuado.
Esse raciocínio alimentado por letrados e intelectuais ajuda a sustentar o culto à letra e aos livros.
Isto ocorre porque ajuda a manter o sistema de dominação. Explicando… os possuidores da palavra escrita possuem uma aura mística / leva os demais à submissão.
Exemplo: censura por parte dos governos; no passado, censura da igreja, etc.
Voltando à questão do nível sensorial, por conta da importância que tem os nossos sentidos para a atração ou rejeição ao livro, a aparência de um livro é fundamental (impressiona bem ou mal – inclusive, a diagramação).
Racionalistas dirão: o importante é o que está escrito.
É verdade, mas num primeiro momento o que conta é a nossa resposta física aos sentidos – a impressão de nossos sentidos sobre aquilo que nos cerca.
Só que aquela primeira impressão passa. O que era bonito fica feio… Assim, quando uma leitura nos faz ficar alegres ou deprimidos, desperta a curiosidade, estimula a fantasia, provoca lembranças, etc., estamos entrando noutra área. Significa que deixamos de ler com os sentidos para ler também no nível emocional.
EMOCIONAL – a leitura emocional também tem seu teor de inferioridade… implica falta de objetividade, subjetivismo.
No terreno das emoções, as coisas ficam ininteligíveis.
Possuem relação direta com o nosso inconsciente.
A leitura emocional tem aspectos curiosos. Por exemplo, certas coisas têm o poder de libertar nossas emoções; levam-nos a outros tempos e lugares. (Lugares, cheiros, músicas… provocam lembranças, sentimentos…)
Diante disso, muitas vezes, quando nos percebemos dominados pelos sentimentos, nossa reação tende a ser negá-los (Freud explica como mecanismo de defesa).
Por tudo isso, tentamos escamotear ou justificar uma leitura emocional. Mas por que negar?
Por um lado, não queremos parecer comuns (queremos parecer donos de nossos sentimentos… conduta pré-fabricada…. queremos apresentar personalidade); por outro, somos intolerantes a manifestações que fogem aquilo que chamamos de reação equilibrada.
Ocorre também lembranças mais prosaicas, desagradáveis. Leitura para uma prova, por exemplo. Se for algo que não nos agradou, pode sempre remeter-nos à lembranças desagradáveis.
Isso também pode acontecer em relação a pessoas, lugares…?
No nível emocional, é preciso pensar a leitura como algo que provoca – ou não – empatia (participação afetiva – às vezes, até nos sentimos na pele do personagem).
Neste contexto, é preciso pensar o texto não mais como algo que o leitor sente, mas como algo que acontece com o leitor – o que ele faz, provoca em nós.
Às vezes, temos uma semiconsciência de estarmos lendo algo medíocre, mas gostamos; outras, algo importante, mas nos desagrada. Temos uma ligação inexplicável, irracional com o objeto de leitura.
Há explicações para isso. Geralmente tem a ver com a formação e o condicionamento ideológico.
Essas aparentes predileções ou rejeições são explicadas pelo universo social e individual de cada um.
Há também os aspectos projetivos. O leitor sente-se atraído pelo objeto lido por se assemelhar à imagem que o leitor faz de si… ou o contrário, quando sente-se atraído pelo oposto.
Mesmo quando começa a ter uma leitura consciente, em alguns momentos, há recaídas. Isto se explica por causa da criança que ainda está dentro de nós… ela se emerge e possibilita essas recaídas.
E quanto às fotonovelas, mundo-cão? Há todo um processo de identificação com o público. Geralmente ligado às frustrações e angústias de cada leitor.
(Processo catártico – se há agruras na vida, há outros piores que eu. Por outro lado, há aqueles que alimentam a ilusão de tirar “o pé da lama”).
Exemplo: investigação de leituras de operárias na cidade de São Paulo (revistas sentimentais). Resultado: busca de uma compensação.
Este nível de leitura é bastante interessante do ponto de vista investigativo, porque possibilita a identificação do universo social e do inconsciente individual.
Também se trata de uma leitura de passatempo, já que representa uma leitura de evasão. Onde o leitor permite-se desligar das circunstâncias concretas e imediatas.
Esta a razão pela qual não se pode simplesmente imputar à leitura emocional a característica de alienante.
Este é um modo encontrado para extravasar emoções, satisfazer curiosidades e alimentar as fantasias (às vezes, válvula de escape).
Importante é entender que tudo que lemos e a forma que lemos é resultado de nossa visão de mundo.
Problema: sempre há uma intencionalidade na criação. Permitir-se a leitura passiva, deixar-se envolver pela ideologia expressa são alguns problemas da leitura emocional.
Por fim, importa considerar o quanto em geral reprimimos e desconsideramos a leitura emocional, muito em função de uma pretensa atitude intelectual.
É comum as pessoas se deixarem envolver emocionalmente – isso só, não é bom.
A convivência social, cultural e política nos ajuda a caminhar para um outro tipo de leitura – a racional.
Leitura racional - 04
Leitura racional – para muitos só agora estaríamos no âmbito do status letrado, próprio da verdadeira capacidade de produzir e apreciar a linguagem, em especial a artística.
Enfim, leitura é coisa séria, dizem os intelectuais.
Para muitos, relacionar a leitura às nossas experiências sensoriais e emocionais é reduzir a leitura, revela ignorância.
Essa a postura intelectualizada e dominante – mantida por uma elite.
Obviamente, faz-se necessário distinguir essa idéia de intelectuais que estamos utilizando em nossa aula.
Entre outras coisas, esse tipo de intelectualismo limita a leitura à noção do texto escrito, pressupondo educação formal e certo grau de cultura e erudição do leitor.
Nós estamos vendo a leitura como um processo de compreensão abrangente, no qual o leitor participa com todas as suas capacidade a fim de apreender as mais diversas formas de expressão.
Nossa proposta é observar a competência para criar ou ler tanto por meio de textos escritos quanto de expressão oral, música, artes plásticas, artes dramáticas, realidades cotidianas etc.
Também não estamos restringindo a leitura a atos de caráter científico, artístico… enfim, eruditos.
Então, a leitura racional é intelectual quando elaborada por nosso intelecto – estamos falando de um processo eminentemente reflexivo, dialético.
Ou seja, ao mesmo tempo que o leitor sai de si, em busca da realidade do texto lido, sua percepção implica uma volta à sua experiência pessoal e uma visão da própria história do texto, estabelecendo um diálogo entre o texto e o leitor com o contexto no qual a leitura se realiza.
Isso implica dizer que os demais níveis de leitura são válidos. Entretanto, a leitura racional acrescenta o fato de estabelecer uma ponte entre o leitor e o conhecimento.
A leitura racional implica em reflexão, em atribuir significado ao texto e questionar tanto a própria individualidade como o universo das relações sociais.
A autora Maria Helena Martins cita um exemplo da professora Marilena Chauí que ajuda a compreender essa questão. Exemplo: estatueta de barro nordestina representando uma fábrica de farinha de mandioca.
(faxineira – a estatueta era para ela a reprodução de algo concreto e memória. Ela contemplava a estatueta, mas sua contemplação e a da professora Marilena nada tinham em comum).
(havia uma obra e dois destinatários – uma via a obra e o outro nada via).
Não significa necessariamente que haja uma leitura verdadeira e a outra errada.O episódio e sua reflexão exemplificam o quanto significam para a leitura a história, a memória do leitor e as circunstâncias do ato de ler.
O relato ainda coloca por terra a ilusão de que só os intelectuais têm condições de assimilar certas formas de expressão, especialmente a estética.
Freqüentemente confunde-se a leitura racional com a investigação de um texto, com o exame de sua estrutura interna enquanto sistema de relações que o compõem…
Esse tipo de leitura, sem conectar o texto com o mundo e com as experiências do leitor, elimina a dinâmica da relação leitor-texto-contexto, limitando consideravelmente a compreensão maior do objeto lido.
A leitura racional difere das outras formas de leitura porque, por exemplo, diferente da leitura sensorial, permite conhecer o texto sem apenas senti-lo.
Já na leitura emocional, o leitor se deixa envolver pelos sentimentos que o texto desperta.
Na leitura racional o leitor visa mais o texto, tem em mira a indagação; quer mais compreendê-lo, dialogar com ele.
A leitura racional é algo exigente, pois implica no desprendimento do leitor, em vontade de aprender, num processo de criação.
Essa leitura requer um esforço especial; não pode simplesmente querer se apropriar do texto ou aceitá-lo passivamente.
A leitura racional é estabelecida a partir da quantidade de leituras feitas ao longo da vida.
Por exemplo, quem leu um único romance, pode ter opinião sobre literatura de ficção. Mas não tem parâmetro para julgar se é um bom livro.
Portanto, ao se ampliares as fronteiras do conhecimento, as exigências, as necessidades e interesses também aumentam… As possibilidades de leitura de qualquer texto multiplicam-se.
O intercâmbio de experiências de leituras desmistifica a escrita, o livro, levando-nos a compreendê-los e apreciá-los de modo mais natural… tornando-nos leitores efetivos nas inúmeras mensagens do universo em que vivemos.
A leitura racional é feita a partir do preparo do leitor e também das pistas deixadas pelo texto.
Todo texto conta alguma coisa… nada é gratuito; tudo tem sentido – é fruto de uma intenção consciente ou inconsciente.
A leitura racional se dá a partir do reconhecimento dos indícios textuais.
Aprendemos a ler esses indícios à medida que nossas experiências de leitura se sucedem… começamos a perceber como são construídos… a intenção do autor…
No entanto, mesmo sabendo como e porque são armados os indícios não quer dizer que o texto se torne transparente para nós (sempre haverá ambigüidades…).
A INTERAÇÃO DOS NÍVEIS DE LEITURA
Não há uma hierarquia entre os níveis de leitura. Entretanto, a tendência é de que a leitura sensorial anteceda a emocional e tenhamos, por fim, a leitura racional.
Também não se deve supor a existência isolada de cada um desses níveis.
Curioso é que mesmo que o leitor esteja se propondo uma leitura a um certo nível, é a dinâmica de sua relação com o texto que vai determinar o nível predominante.
Salientamos que, há tantas leituras quantos são os leitores – há também uma nova leitura a cada aproximação do leitor com um mesmo texto (ainda quando mínimas as suas variações).
A LEITURA AO JEITO DE CADA LEITOR
Para se efetivar, a leitura precisa preencher uma lacuna em nossa vida, vir ao encontro de uma necessidade (vontade de conhecer mais).
A isso se acrescentam os estímulos e os percalços do mundo exterior, suas exigências e recompensas.
Concluindo, a leitura mais cedo ou mais tarde sempre acontece, desde que se queira realmente ler.

http://fundamentos2007.wordpress.com/2007/06/12/o-que-e-leitura-aula-01/











Resenha do livro "O Que é Leitura" (Maria Helena Martins)

Leitura é a fonte do conhecimento e sabedoria. No qual o leitor se torna informado dos acontecimentos.Ler é uma das competências mais importantes. Não basta identificar as palavras, mas fazê-las ter sentido, compreender, interpretar, relacionar e reter o que for mais relevante.
Num texto existem vários níveis de leitura. Sensorial que é a forma de transmitir um aspecto de sensação, despertando assim o interesse do leitor; a emocional que tem como objetivo emocionar o leitor, fazendo envolver-se nos sentimentos, sofrimentos e alegrias e a racional que tem a finalidade de levar o leitor a fazer uma proposta crítica do texto.
Verdade é que ninguém ensina a ninguém a ler. Este processo desenvolve conforme o esforço de cada um. A falta da leitura trás frustrações e dependência de outro ser humano. Percebemos que o conceito de leitura é muito amplo e complexo. Para entender o conceito de leitura, não basta somente procurar no dicionário o significado da palavra, pois ler envolve uma série de práticas e experiências. Portanto faz-se necessário considerar diversos aspectos, tais como: a idade do leitor, suas necessidades de leitura, seus gestos, sua habilidade, maneira de ler, instrumentos, apropriação e processos de interpretação, enfim, ler é considerar aquilo que envolve o, mundo do leitor.
Em síntese, os conceitos de leitura são muitos e variam conforme as perspectivas teóricas e seus campos de atuação. Portanto para aqueles que consideram a leitura como ato de decodificar sinais gráficos, ou seja, um ato mecânico, a leitura poderá se tornar uma prática sem vida e sem alma, mas se, em vez disso, considerar como leitura suas experiências e vivências, a leitura se tornará uma prática muito mais ampla e viva, na qual o pulsar das informações baterá no mesmo ritmo das emoções.
A leitura é uma atividade extremamente importante para o homem civilizado. Ela pode atender a finalidade diferentes; sendo um precioso meio para uma grande fonte de informações. Ela é uma atividade básica na formação cultural da pessoa. Além disso, é uma excelente atividade de lazer.
Ler é benéfico a saúde mental, pois é uma atividade Neuróbica. A atividade da leitura faz reforçar as conexões entre os neurônios. Para a mente, ainda não inventaram melhor exercício do que ler atentamente e refletir sobre o texto.
Ler é essencial. Através da leitura, testamos os nossos próprios valores e experiências com as dos outros. No final de cada livro ficamos, enriquecidas com novas experiências, novas idéias, novas pessoas. Eventualmente, ficaremos a conhecer melhor o mundo e um pouco melhor de nós próprios.
Ler é estimulante. Tal como as pessoas, os livros podem ser intrigantes, melancólicos, assustadores, e por vezes, complicados. Os livros partilham sentimentos e pensamentos, feitios e interesses. Os livros colocam-nos em outros tempos, outros lugares, outras culturas. Eles ajudam-nos a sonhar, fazem-nos pensar.
Vivemos num mundo contemporâneo na qual as palavras rascunhadas no papel não tem muito valor. A literatura hoje é recurso dos mais ricos, sendo que os mais pobres, até possuem este recurso, porém não é explorado de forma adequada. Dessa forma, a literatura contemporâneo se transformou num produto de elite, e aqueles que não tem acesso ou simplesmente não tem gosto de ler são deixados de lado.
Portanto, é de suma importância desenvolver em nós uma cultura de leitura, pois só assim seremos aprendizes e formadores de opinião em todo ambiente social e democrático que estivermos.
http://asperolasdaucg.blogspot.com/2006/04/resenha-do-livro-o-que-leitura-maria.html








Entender que o ato de ler


Quando ouvimos falar em leitura, logo vem a cabeça, ler um livro, uma revista, um jornal... Será que leitura só se resume a isto? Precisamos entender que o ato de ler vai muito além de uma simples leitura, necessitamos ter maior clareza ao analisar obras literárias, precisamos perceber realmente o que está escrito, precisamos fazer leituras criticas, e não apenas leitura de palavras, temos que aprender a fazer leitura de situações, sejam elas, políticas, econômicas ou sociais, e não esquecendo da leitura "áudio visual", aquela que esta em sua frente, na sua televisão. Para que possamos buscar o ápice da leitura, necessitamos de qualificação dos trabalhadores da educação, necessitamos de professores comprometidos em ensinar aos alunos, isso desde as séries iniciais, a perceber que a leitura é realmente importante, e não dar brecha ao famoso "decoreba".
Sem querer conceituar ou definir, mas discutir de o porquê da leitura, o livro nos apresenta três níveis de leitura que se relacionam, sem hierarquia, ao mesmo tempo, são eles: sensorial, emocional e racional. O nível sensorial traduz no primeiro contato com o texto ou situação. O nível emocional nos leva a interpretação subjetiva que o nível sensorial nos trouxe, enquanto que o nível racional busca a interpretação correta, a objetividade dentro da situação ou texto em leitura.
A autora nos chama para o novo mundo da leitura, se você não gosta de ler, nunca e tarde para buscar esta arte, até porque, várias pessoas que não gostavam de ler, hoje são escritores.

http://frankboniek.blogspot.com/2008/07/o-que-leitura.html