15 de setembro de 2008

AULA DE TGA 1 NUMERO: 6

.ABORDAGEM ESTRUTURALISTA DA ADMINISTRAÇÃO

· No início do século XX, Max Weber, publicou uma extensa bibliografia a respeito das grandes organizações de sua época.

· Aos estudos de Weber deu-se o nome de Burocracia.

· A burocracia surgiu a partir da era vitoriana com conseqüência da necessidade que a organização sentiram de ordem, exatidão e das reivindicações dos indivíduos por tratamento justo e imparcial.

· O modelo burocrático da organização surgiu como uma reação contra a crueldade e nepotismo e contra os julgamentos tendenciosos e parcialistas, típicos das práticas administrativas, desumanas e injustas do início da Revolução Industrial.

MODELO BUROCRÁTICO DE ORGANIZAÇÃO

· A falta de uma teoria sólida, abrangente e que servisse de orientação para o trabalho do Administrador, fez com que estudiosos buscassem nas obras de Max Weber a inspiração para uma nova teoria da organização, surgindo assim a Teoria da Burocracia da Administração.

· Origem da Teoria da Burocracia:
Ø a necessidade de um enfoque mais amplo e completo
Ø a necessidade de um modelo de organização racional capaz de caracterizar todas as variáveis envolvidas
Ø o crescente tamanho e complexidade das empresas, passa a exigir modelos organizacionais mais definidos
Ø o homem pode ser pago para agir e se comportar de certa maneira preestabelecida, a qual lhe deve ser explicada exatamente, muito minuciosamente e, em hipótese alguma, permitindo que suas emoções interfiram no seu desempenho.

· A burocracia é uma forma de organização humana e que se baseia na racionalidade, isto é, na adequação dos meios aos fins pretendidos, garantindo a máxima eficiência no alcance dos objetivos.



· O capitalismo, a burocracia e a ciência moderna constituem três formas de racionalidade.*

· Weber não considerou a burocracia como um sistema social, mas principalmente com um tipo de poder.

· Para descrever melhor seu pensamento, Weber estuda os tipos de sociedade e autoridade.


TEORIA DA BUROCRACIA
TIPOS DE SOCIEDADE
· Weber aponta três tipos de sociedade:
1ª) sociedade tradicional: predomínio patriarcal e patrimonial, como a família, o clã, a sociedade medieval etc;
2ª) sociedade carismática: predomínio das características místicas, arbitrárias e personalísticas, como nos grupos revolucionários, nos partidos políticos, nas nações em revolução etc;
3ª) sociedade legal, racional ou burocrática: domínio das normas impessoais e racionalidade na escolha dos meios e dos fins, como nas grandes empresas, nos estados modernos, nos exércitos etc;

TIPOS DE AUTORIDADE
· Para cada tipo de sociedade, segundo Weber, haverá um tipo de autoridade.
· Autoridade: é a probabilidade de quem um comando ou ordem específica seja obedecida e ao mesmo tempo representa o poder institucionalizado e oficializado.
· Poder: potencial para exercer influência sobre as outras pessoas e que para Weber, significa a probabilidade de impor a própria vontade dentro de uma relação social, mesmo contra alguma resistência. Portanto, é a possibilidade de imposição de arbítrio por parte de uma pessoa sobre a conduta das outras.
· A autoridade proporciona o poder, ou seja, ter autoridade é ter poder.
· O contrário nem sempre é uma verdade, pois ter poder nem sempre é ter autoridade.
· A autoridade – e o poder dela decorrente – depende da legitimidade, que é a capacidade de justificar seu exercício.
· Legitimidade: é o motivo que explica por que um determinado número de pessoas obedece às ordens de alguém, conferindo-lhe poder. Essa aceitação, essa justificação do poder é que Weber chama de legitimação.
· A autoridade é legítima quando é aceita. Se a autoridade proporciona poder, este conduz à dominação.
· Dominação: a vontade manifesta do dominador (ordem) influencia a conduta dos outros (dominados) de tal maneira que o conteúdo da ordem, por si mesma, é obedecida pelos subordinados.
· A dominação é uma relação de poder na qual o dominador acredita ter o direito de exercer o poder e os dominados consideram como sua obrigação obedecer-lhe as ordens.
· A dominação precisa de um apoio administrativo, quer dizer que existe a necessidade de um pessoal administrativo para executar as ordens e servir como ponto de ligação entre o governo e os governados.
· Para Mouzelis, a legitimação e o aparato administrativo constituem os dois principais critérios para a tipologia weberiana.

AUTORIDADE TRADICIONAL
· É a aceitação das ordens dos superiores como justificadas, porque essa sempre foi a maneira pela qual as coisas foram feitas.
· O domínio patriarcal do pai de família, do chefe do clã, os mandamentos do rei representam o tipo mais puro de autoridade tradicional.
· O poder tradicional não é racional, pode ser transmitido por herança e é extremamente conservador.
· Toda mudança social significa um rompimento mais ou menos violento das tradições e que pode ocorrer em certos tipos de empresas familiares mais fechadas.
· A legitimação vem da crença no passado eterno, na justiça e na pertinência da maneira tradicional de agir.
· O líder tradicional é o senhor, que comanda em função de seu status de herdeiro ou sucessor.
· A dominação tradicional – típica da sociedade patriarcal – quando se atinge um grande número de pessoas e um grande território, pode assumir duas formas de aparato administrativo para garantir a sobrevivência:
1ª) forma patrimonial: os funcionários são servidores pessoais do senhor – parentes, favoritos etc. – e são geralmente dependentes economicamente dele;
2ª) forma feudal: apresenta maior grau de autonomia com relação ao senhor, pois são aliados e lhe prestam um juramento de fidelidade. Dispõem de seus próprios domínios administrativos e não dependem tanto do senhor no que diz respeito a remuneração e subsistência.



AUTORIDADE CARISMÁTICA
· As pessoas aceitam as ordens do superior como justificadas, por influência da personalidade e da liderança do superior com o qual se identificam.
· Carisma é um termo usado com sentido religioso, significando o dom gratuito de Deus, estado de graça etc.
· Weber usa o termo com sentido de uma qualidade extraordinária e indefinível de uma pessoa.
· Os grandes líderes políticos como Hitler, Kennedy, Gandi, Madre Tereza, Henfil, Jânio Quadros, Getúlio Vargas etc., a capitães de indústria, como o Matarazzo, Ford.
· O poder carismático também não tem base racional, é instável e facilmente adquire características revolucionárias. Não pode ser delegado, nem recebido em herança, como o tradicional.
· O líder se impõe por ser alguém fora do comum, possuidor de habilidades mágicas ou revelações de heroísmo ou poder mental de locução e não devido à sua posição ou hierarquia.
· É uma autoridade baseada na devoção afetiva e pessoal e no arrebatamento emocional dos seguidores em relação à sua pessoa.
· Aqui a legitimação da autoridade provém das características pessoais carismáticas do líder e da devoção e arrebatamento que consegue impor aos seguidores.
· O aparato administrativo envolve um grande número de seguidores, constituído de discípulos e subordinados mais leais e devotados.
· O pessoal administrativo é selecionado segundo a confiança que o líder deposita nos subordinados.
· Se o subordinado deixa de merecer a confiança do líder, ele passa a ser substituído por outro mais confiável. Daí a inconstância e instabilidade do aparato administrativo na dominação carismática.

AUTORIDADE LEGAL, RACIONAL OU BUROCRÁTICA
· Quando as pessoas aceitam as ordens dos superiores como justificadas, porque concordam com um conjunto de preceitos ou normas que consideram legítimos e dos quais deriva o comando.
· È uma autoridade técnica, meritocrática, administrada e ao mesmo tempo promulgada.
· O comando é eleito e exerce a autoridade sobre os comandados, baseado em normas e leis. A obediência não é devida a algumas pessoas em si, seja por suas qualidades pessoais excepcionais ou pela tradição, mas a um conjunto de regras e regulamentos legais previamente estabelecidos.
· A legitimidade do poder baseia-se em normas legais racionalmente definidas.
· A crença na justiça da lei é o sustentáculo da legitimação.
· A pessoas obedecem à leis e normas porque acreditam que elas são decretadas por um procedimento escolhido tanto pelos indivíduos como pelos que comandam.
· Aqui o governante é uma pessoa que alcançou tal posição por procedimentos legais como nomeação, eleição, concurso etc. e é em virtude de sua posição que ele exerce o poder dentro de limites fixados pelas regras e regulamentos sancionados legalmente.
· O aparato administrativo é a burocracia e tem seu fundamento nas leis e na ordem legal.
· A posição dos funcionários (burocratas) e suas relações com o governante, os governados e seus próprios colegas burocratas são definidas por regras impessoais e escritas.
· A burocracia é a organização típica da sociedade moderna democrática e das grandes organizações.

Aula extraída do capítulo 11 – Introdução à Teoria Geral da Administração - Chiavenato.